DESMATAMENTO
E RISCO AMBIENTAL
Em 11/05, um relatório do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) informou que no Brasil ocorreu desmatamento em 1.204 km2 de áreas no
primeiro trimestre de 2020. Isso não representou um aumento em números brutos no
desmatamento no Brasil. Entretanto, o corte seletivo de espécies
(caracterizador da exploração madeireira) foi responsável por 246,8 km2 do
total do desmatamento observado nos três primeiros meses de 2020, o que
significa um percentual 133% maior que o mesmo período de 2019.
Essa informação é significativa. Após o enfraquecimento dos órgãos
de fiscalização e controle ambiental no ano de 2019, e da implementação de um
discurso institucional de condescendência econômica com as atividades de
exploração madeireira, tal crescimento específico acende a luz vermelha. Os
riscos ambientais específicos, alertados por ambientalistas e apoiadores da
causa ambiental, parecem tomar a forma de realidade.
O futuro está se desenhando rapidamente. Lembremos Beck:
O
núcleo da consciência do risco não está no presente, e sim no futuro. Na
sociedade de risco, o passado deixa de ter força determinante em relação ao
presente. [...] Tornamo-nos ativos hoje para evitar e mitigar problemas ou
crises do amanhã ou do depois do amanhã, para tomar precauções em relação a
eles – ou então justamente não. (BECK, Ulrich. Sociedade de Risco, 2011, p. 41)
O presente e os alertas atuais dos riscos ambientais do
desmatamento entram na esfera da construção ou desconstrução do futuro
ambiental da humanidade. Nesse âmbito é bastante assustadora a indiferença de
grande parte das pessoas a respeito do assunto, assim como é aviltante a
propalada justificativa economicista, em que a falácia de que a ‘produção de
riquezas com o desmatamento ocorreria como indispensável ao desenvolvimento
econômico’ é propalada sem pudor. Falácia porque tal argumentação não está relacionada
com a realidade: o manejo de florestas cultivadas para utilização da madeira já
se mostrou perfeitamente funcional (apenas com margens lucrativas menores).
O fato é que entre outras tantas questões ambientais
urgentes, a questão do desmatamento é uma das duas mais imediatas (a outra é a
poluição/degradação das águas). Afinal, não basta parar o desmatamento: as
áreas degradadas precisariam de décadas para sua recuperação física e para o
restabelecimento do bioma específico.